Como o conhecimento sobre falácias argumentativas pode nos ajudar na tomada de decisão

Vieses Cognitivos são interferências e tendências sistemáticas cerebrais, causadas por processos heurísticos, que influenciam na forma com que o cérebro recebe, armazena e conecta novas informações. Esses processos podem prejudicar nossa percepção da realidade e nos levar a tomar decisões equivocadas, ocasionando, inclusive, perdas financeiras no caso de decisões de compras e investimentos.

 

Uma das formas de lidar com esses vieses é conhecê-los para que seja possível identificá-los e evitá-los. Porém, apenas saber quais são esses vieses pode não ser suficiente para que sejam superados, pois nosso cérebro pode gerar falácias argumentativas bem elaboradas que nos convencem e ludibriam, as quais são causadas por vieses como a dissonância cognitiva e a aversão ao arrependimento, por exemplo, de forma que nossos sentimentos, intuições, crenças desconectadas da realidade e decisões equivocadas pareçam sempre ações assertivas e boas escolhas.

 

Decisões sustentadas por excesso de confiança, ancoragem, representatividade e outros vieses cognitivos são exemplos de falácias que criamos para sustentar intuições infundadas. São nossas “falácias de estimação”.

 

Também podemos comprar falácias de terceiros e tomá-las como nossas justificativas de escolha. Vendedores que usam argumentos de autoridade, discurso de afeto, retórica de escassez e outros Gatilhos de Influência sem fundamento, na realidade, são exemplos dessas falácias.

 

Algumas falácias argumentativas são fáceis de identificar como, por exemplo, quando temos a impressão de que um produto está barato com base em um desconto percentual significativo, quando, na verdade, mesmo com o desconto aplicado, ele está mais caro do que seu valor normal de mercado. Nesse exemplo, é relativamente fácil perceber o erro. Já em outras situações, pode ser mais difícil identificá-lo, como, por exemplo, quando tentamos sustentar uma opção de aplicação financeira com base na qualificação da gestora de investimentos ou no sucesso da corretora. Mesmo esses sendo verdadeiros, a conclusão não segue as premissas.

 

Portanto, conhecer e compreender a sistemática das falácias argumentativas, especialmente as mais complexas, pode ser muito útil no processo de tomada de decisão, de forma que fica mais fácil avaliar criticamente nossas opções de escolha e lidar com nossas criações falaciosas ou ideias falsas de terceiros.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Dobelli, R. (2014). A Arte de Pensar Claramente. Rio de Janeiro – RJ: Editora Objetiva.

 

Kahneman, D. (2011). Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar. Rio de Janeiro – RJ: Editora Objetiva.

 

Lobão, J. (2012). Finanças Comportamentais. Lisboa: Conjuntura Actual.

 

Sbicca, A. (15 de abril de 2014). Heurísticas no estudo das decisões econômicas: contribuições de Herbert Simon, Daniel Kahneman e Amos Tversky. Fonte: scielo.com: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612014000300006.

 

Schopenhauer, A. (2014). 38 Estratégias para Vencer Qualquer Debate – A Arte de Ter Razão. Barueri – SP: Faro Editorial.