Impacto da utilização da sistemática de resolução de problemas complexos na tomada de decisão dos produtores brasileiros agrícolas de soja

Segundo a Carta de Conjuntura divulgada pelo IPEA (2021), existem dois elementos a serem atentamente observados pelo produtor brasileiro de soja, no ano de 2022, durante a sua tomada de decisão, sendo eles: o recorde esperado na colheita da safra (aumento de 3,4% na produção em relação ao ano anterior, que obteve uma produção de 137,32 milhões de toneladas); e a queda nos preços de venda do grão, devido a essa possibilidade de maior oferta. Somado a isso, as seguintes adversidades, consideradas como mais recorrentes segundo FACHINI (2021), serão variáveis influentes durante a tomada de decisão: a logística; os processos, os contratos e as burocracias em excesso; o impacto e as licenças ambientais; a falta de mão de obra qualificada; e o desperdício na produção.

 

Portanto, considerando, pelo menos, os fatores descritos acima e a definição de problemas complexos dada por TORRES (2020) como sendo aqueles que possuem diversas situações combinadas e diversas variáveis a serem analisadas, podemos classificar a tomada de decisão, dentro de uma propriedade agrícola brasileira de soja, como a resolução de um problema complexo. Com isso e para que tenha um direcionamento que impacte positivamente no lucro da atividade, a tomada de decisão nesse ramo de atuação deve ser tratada e direcionada através da sistemática de resolução de Problemas Complexos.

 

Para evidenciar o que foi descrito acima, é importante lembrar que, conforme sugere TORRES (2020), a sistemática para resolução de Problemas Complexos utiliza os sete seguintes passos: (1) definir o problema, (2) estruturar o problema, (3) priorizar questões, (4) planejar análises, (5) conduzir análises, (6) sintetizar resultados e (7) fazer recomendações; e utiliza de ferramentas como o Diagrama de Pareto, Matriz GUT e Princípio da Pirâmide para estruturar e selecionar a solução de maior valia para o contexto em que o problema está inserido.

 

A fim de confirmar o argumento aqui defendido, é oportuno demonstrá-lo por meio do seguinte exemplo (vivenciado anualmente pelos produtores): “como planejar, na data presente, a compra dos insumos que serão utilizados somente na safra do próximo ano?”

 

  • Passo 1 – Diferença de praticamente 10 meses entre a compra e a utilização.
  • Passo 2 – Na estrutura desse problema é preciso considerar (a) a estimativa de venda do grão do próximo ano, (b) os tipos de insumos que serão necessários, (c) os orçamentos disponibilizados pelos fornecedores, (d) a quantidade de mão de obra e de maquinários necessários para a operacionalização da safra e (e) os custos com questões administrativas, salariais, de manutenção de máquinas e de logística.
  • Passo 3 – A priorização desses elementos é feita com base no impacto financeiro que cada métrica tem no resultado da safra e, portanto, para o exemplo, destacam-se os pontos (a), (b) e (c).
  • Passo 4 e Passo 5 – As análises são planejadas (passo 4) e conduzidas (passo 5) através da simulação de 3 cenários (ideal, bom e ruim).
  • Passo 6 – Os cenários são examinados dentro da estrutura de uma DRE (Demonstração de Resultado do Exercício).
  • Passo 7 – Por fim, a recomendação é feita a partir da DRE que emitir o possível maior lucro para a safra.

 

Apesar de parecer uma evidência muito simples, muitos produtores brasileiros ainda embasam a sua tomada de decisão na subjetividade dos anos de experiência que obtiveram na atividade agrícola, ou seja, no histórico das escolhas das safras anteriores. Portanto, adicionar a sistemática de resolução de problemas como um dos métodos para gerir o negócio agrícola traz impactos positivos no que tange à longevidade e consequente sucesso do negócio a partir do melhor direcionamento das decisões tomadas.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CARTA DE CONJUNTURA. Brasília: IPEA, 2007-. Trimestral. Disponível em: < https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/220119_nota_6_finacas_publicas_estaduais.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2022.

 

FACHINI, T. Agronegócio no Brasil: desafios e novas tecnologias. [2022]. Disponível em: < https://www.projuris.com.br/agronegocio-brasil-desafios-novas-tecnologias/>. Acesso em: 21 jan. 2022.

 

TORRES, T. Apostila Pós-graduação Gestão de Negócios com Foco em Competências Comportamentais – Módulo 2: Os 7 Passos da Resolução de Problemas Complexos. BBI of Chicago. 2020.