Método Ágil e Ciência de Dados: como as confecções brasileiras podem se beneficiar

A indústria têxtil e de confecção brasileira é a quarta maior do mundo, segundo os dados da Associação Brasileira de Indústrias Têxteis – ABIT, de dezembro de 2020: elas geraram 1,5 milhão de empregos diretos e 8 milhões de empregos indiretos. No ano de 2019, a indústria teve o faturamento de R$ 185,7 milhões. A indústria de confecção brasileira é composta, em sua maioria, por pequenas empresas com estrutura reduzida e familiar, onde se investe muito pouco em inovação e não se pensa no desenvolvimento do produto de maneira estratégica.

 

Algumas empresas nacionais já mudaram seu método de trabalho e apresentam bons resultados através da Metodologia Ágil e da Ciência de Dados, conseguindo, assim, direcionar seu desenvolvimento de produtos para as reais necessidades e desejos de seus clientes. As marcas Aramis e Amaro adotaram a Metodologia Ágil. A Amaro ainda desenvolveu um sistema próprio de análise de dados coletados através de seu site, de seu Instagram e outros dados coletados em lugares que ela não revela, para criar sua coleção. Esses dados ajudam a entender quais produtos suas clientes irão querer comprar em um futuro próximo. A C&A usa dados que ela coleta de suas chamadas “lojas escolas”. As lojas escolas mais conhecidas são a C&A do Shopping Center Norte e a C&A do Shopping Morumbi, ambas na cidade de São Paulo. Duas lojas grandes e com um grande fluxo de pessoas que recebem tudo o que será lançado. As vendas e o comportamento dos consumidores dessas lojas são estudados e ajudam a prever o comportamento e vendas das outras lojas da rede.

 

Para empresas menores, a coleta de dados pode ser iniciada através do sistema de ERP que as empresas já possuem e, seguindo o exemplo da Amaro, informações das redes sociais da marca. Cruzando informações como idade, cidade onde as consumidoras residem, os valores do produto, o que foi e o que não foi vendido, já se pode pensar em uma estrutura de coleção eficiente. Com o amadurecimento da coleção, outros dados podem e devem ser analisados conforme a necessidade e objetivos da marca.

 

Nas pequenas empresas o Método Ágil, muitas vezes, tem que ser adaptado para a sua realidade. A vantagem do Método Ágil é que ele torna a empresa rápida para responder a mudanças. Na Amaro, o desenho de uma peça muitas vezes é postado em suas redes sociais e se pede opiniões dos consumidores. Essa adaptação do método impede que a empresa perca dinheiro em produtos que o público-alvo não tem interesse.

 

O método ágil não é burocrático e funciona com o engajamento da equipe em entregar o melhor. Para isso, a mudança da cultura da empresa tem que ser compreendida e aceita por todos, além da capacitação das principais lideranças ou profissionais envolvidos. Na Aramis, 75% das lideranças tiveram que ser substituídas para que este método pudesse funcionar. Analisar dados pode expor que velhas “certezas” estavam erradas e que mudar é preciso. O líder que estiver à frente da mudança precisa ter clareza dos fatos e habilidade no trato com as pessoas. A equipe e a liderança precisam ter em mente que esses dois métodos facilitarão o trabalho em vários aspectos, principalmente nas tomadas de decisões, já que para a equipe ficará claro por que, quando e o que mudar. Para a indústria brasileira de moda evoluir, velhos paradigmas precisam ser quebrados e novos conceitos precisam ser explorados.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

PERFIL do Setor. [S. l.], 21 jun. 2021. Disponível em: <https://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor>. Acesso em: 21 jun. 2021.

 

PODER da Moda: Cartilha. São Paulo: Abit, 2015. Disponível em: <http://abitfiles.abit.org.br/site/publicacoes/Poder_moda-cartilhabx.pdf>. Acesso em: 22 jun.
2021.

 

SAMBRANA, Carlos. A grife de moda que mudou tudo para ser “startup”. [S. l.]: Carlos Sambrana, 23 ago. 2019. Disponível em: <https://neofeed.com.br/blog/home/agrife-de-moda-que-mudou-tudo-para-ser-startup/>. Acesso em: 2 jul. 2021.

SUTHERLAND, Jeff. Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo. Tradução: Natalie Gerhard. 1 ed. São Paulo: Leya, 2014. 240 p. ISBN 9788544100882. Ebook.