Vieses e suas implicações na tomada de decisão do investidor

Com o acentuado crescimento do número de brasileiros(as) que tem iniciado seus investimentos na bolsa de valores, a forma como essas pessoas tomam suas decisões de investimento e os tipos de influência que sofrem, passam a ser objeto de inúmeros estudos, pois, conforme Kahneman e Tversky (1979), as pessoas no geral são imediatistas, aceitam soluções satisfatórias ao invés de ótimas, não visualizam o longo prazo e são influenciadas sobremaneira por fatores emocionais e psicológicos. Esses fatores também recebem o nome de vieses comportamentais, dos quais elencamos três, dentre inúmeros, que guardam íntima relação com o comportamento dos investidores na bolsa de valores. São eles: o viés de aversão a perda, o viés do excesso e confiança e o viés do comportamento de manada. Iniciamos tratando do viés de aversão a perda, que, segundo Kahneman e Tversky (1979), é explicado pela tendência a não aceitar as perdas, relutando a se desfazer de suas posições nas quais estão tendo prejuízo e vendem antes do tempo adequado as posições que estão tendo lucros. Esse comportamento costuma causar prejuízos no curto prazo, mas seus impactos são ainda maiores no longo prazo, pois, caso mantivesse as posições lucrativas por um maior período de tempo, o investidor poderia ter auferido melhores rentabilidades em suas posições de investimento.

 

Em se tratando do viés de excesso de confiança, que normalmente é percebido quando precisamos estimar situações que envolvem variáveis muito complexas, esse gera impacto direto no processo de tomada de decisão e, também, após este processo. O indivíduo que toma suas decisões influenciado por esse viés, ainda que de forma inconsciente, demonstra uma convicção de competência muitas vezes superestimada. Conforme apresentado por Schrand & Zechman (2010), gestores excessivamente confiantes superestimam as suas habilidades e subestimam os riscos de falência.

 

O comportamento de manada é caracterizado por muitas pessoas negociando um mesmo ativo, na mesma direção do mercado, sem ao menos ter informações mínimas de uma análise fundamentalista sobre a qualidade deste ativo, o que pode acarretar altas ou quedas acentuadas sem que haja um fato que respalde tais altas ou quedas no preço do ativo. Tseng (2010) demonstra que esse fenômeno pode levar o preço de um ativo a se distanciar do seu valor fundamental.

 

Podemos concluir que a moderna teoria das finanças, pautada principalmente na hipótese de eficiência dos mercados e da racionalidade ilimitada dos agentes, encontra um importante complemento na teoria das finanças comportamentais, da qual os vieses são parte fundamental, a fim de explicar da melhor maneira possível as decisões econômicas e financeiras tomadas por seres humanos que, invariavelmente, são permeados de emoções e gatilhos que ativam os mais variados vieses comportamentais.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Kahneman, D.: Tversky, A. Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk. Econometrica, V. 47, N. 2, P. 263 – 291, 1979.

 

Schrand, C.M. and S.L.C. Zechman 2010. Executive Overconfidence and the Slippery Slope to Fraud. Working Paper, University of Pensylvania.

 

Tseng, M.L. 2010. An assessment of cause and effect decision making model for firm, environmental knowledge management capacities in uncertainty.

 

Environmental Monitoring and Assessment, 161, 549-564. DOI: 10.1007/ s 10661009-0767-2.