USO DE RESÍDUOS EM FORNOS DE CIMENTO

Uso de Resíduos em Fornos de Cimento

Desde o início das atividades humanas, o resíduo está inserido no meio-ambiente. Após anos de produção e consumo descontrolados, tanto nas indústrias como na sociedade, chegou-se a um problema sério e grave, que afeta a vida de todos.

 

A Revolução Industrial, umas das atividades humanas que mais evolui em toda a história, trouxe benefícios inestimáveis e incalculáveis, porém também é uma grande responsável pela geração de resíduos perigosos.

 

A falta de uma gestão correta desencadeou inúmeros impactos, vide o constante ataque a natureza; rios; mares; solos e o ar, pois eram neles onde tudo o que não servia mais era ‘’depositado’’, causando danos irreversíveis até os dias atuais.

 

Vive-se hoje uma busca incessante por alternativas tecnológicas e ambientais integradas ao processo fabril, a fim de diminuir os impactos que os mesmos causam. O coprocessamento é a prática de aproveitar o potencial de alguns resíduos no processo de fabricação do cimento, como substitutos de matéria-prima ou de combustíveis, substituindo materiais de origem fóssil, como o coque, carvão ou gás natural. Deu-se início na década de 70, após a grande Crise do Petróleo, que acabou modificando o modo de tratar a questão energética de forma global.

 

O processo de produção de cimento é de alto impacto ambiental, e, apesar da produção e as emissões atmosféricas serem bem controladas, elas precisam ser compensadas e melhoradas. O concreto, que tem como base o cimento, é o material mais utilizado pelo homem depois da água.

 

A discussão em torno dessa utilização de resíduos como combustíveis ou matérias-primas no cimento está nos os impactos que ela possui na produtividade (relação custo-benefício), os investimentos necessários para viabilizar esse consumo de maneira segura e fiável (tecnologia) e na necessidade de desenvolver parceiros ou processos que garantam o abastecimento de forma contínua e dentro de padrões mínimos de qualidade (gestão ambiental). Os resíduos brutos são diferentes dos CDR- Combustíveis Derivados de Resíduos – e não podem ser consumidos in natura.

 

O coprocessamento é a melhor forma de auxiliar a sociedade na eliminação segura e definitiva dos seus resíduos, baratear o custo de produção, tornando o produto mais acessível, compensar os efeitos negativos do cimento e reduzir drasticamente o uso de aterros e lixões espalhados pelo Brasil.

 

Embora em muitos países europeus o uso de resíduos como geração de energia é uma prática desenvolvida, chegando a índices de 80-100% de Substituição Térmica de Fósseis no Cimento, além de energia elétrica, aquecimento, entre outras tecnologias, o Brasil ainda encontra muitas barreiras. O país está atualmente em 15% de Substituição Térmica, muito pelo fato dos aterros e lixões prevalecerem como destinação final pelo custo final, mesmo comprovadamente sendo alternativas ultrapassadas e danosas.

 

Além da aplicação das legislações pertinentes ao assunto, o Brasil precisa de mais políticas públicas que alavanquem a educação ambiental e a consequente melhoria na gestão dos resíduos; o fomento de cooperativas que possam, com dignidade, obter renda através dos resíduos recicláveis e orgânicos; e que essa cadeia seja mantida através da comercialização desses coprodutos, principalmente junto às cimenteiras, que tem potencial de compra desses combustíveis. Trata-se de um mercado imenso, que movimenta bilhões de dólares no mundo, que desenvolve tecnologia de última geração, pouco explorado pelo Brasil. É urgente a necessidade de eliminar os lixões e formar uma sociedade que veja o resíduo como a fonte inesgotável de recursos e renda e saiba explorá-lo ao máximo.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRO DE CIMENTO PORTALND. Panorama do Coprocessamento Brasil 2020. Disponível em: <https://abcp.org.br/panorama-do-coprocessamento-brasil-2021/>. Acesso em: 11 de dez de 2021.

 

BIDONE, F. R. A. ;POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos.1 ed São Carlos: EESC/USP, 1999.

 

CAVALCANTI, J.E.W.A. Situação da indústria de coprocessamento no Brasil, Saneamento Ambiental, 1996, n.39

KIHARA, Y. Impacto da normalização do coprocessamento de resíduos em fornos de clínquer. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIMETENTO, 5.,1999, São Paulo. Anais, São Paulo : ABCP, 1999. 8p.

 

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