A Arte de Liderar e Conviver

O que aprendi numa Missão Voluntária de três semanas, 24 horas por dia, com 20 pessoas num alojamento no interior de Rondônia:

 

“É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”. José Saramago

 

Sempre tive um sonho, o de participar de alguma Missão Voluntária que pudesse somar na vida das pessoas, que eu tivesse a chance de contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade e também desenvolver pessoas.

 

Se eu já fazia isso nas empresas, por que não estender à comunidade?

 

Foi então que soube da existência do Projeto Rondon, e resolvi me inscrever em um processo seletivo nacional há três anos. Eu e mais um professor, Gilson Souza, ambos da FAE Business School, descrevemos um projeto e fomos selecionados para participar como voluntários, junto com outros 2 professores da PUC-RS. Seríamos responsáveis por selecionar, preparar e orientar alunos para que estes desenvolvessem e apresentassem seus projetos para a comunidade.

 

Um trabalho que envolvia diagnosticar e compreender as dificuldades de uma pequena cidade, no interior de Rondônia, e levar conhecimentos, experiências e educação à sua população. Nossa meta era identificar necessidades e desenvolver, com nossos alunos universitários, uma série de workshops e ações que contribuíssem para elevar o IDH da cidade, como Qualidade de Vida, Relacionamento Interpessoal, Comunicação Não Violenta, Empreendedorismo, Informática, Finanças Pessoais, Horta, Tratamento de esgoto, Noções de Higiene, Desenvolvimento Turístico, Desenvolvimento de Professores, dentre outros.

 

• Saindo da ilha e indo para um outro mundo

 

Com isso tudo pronto e ensaiado no decorrer de 6 meses, de modo presencial e online, em julho de 2017, partimos rumo a Teixeirópolis, cidade com 4 mil habitantes, localizada a 370 Km de Porto Velho, em Rondônia. Partimos de Curitiba rumo a Porto Velho, no avião da FAB, num frio de lascar, com 20 alunos. Chegamos num calor infernal e seguimos por cerca de 6 horas naquele calor, rumo ao nosso destino final. Como se saíssemos do Alasca direto para o deserto.

 

Fomos acolhidos com música. Pessoas fazendo festa para nos receber, nos homenageando para expressar a gratidão. A ficha demora cair. E então a gente sente a dimensão do valor de um trabalho voluntário para a população e, também, a seriedade, a responsabilidade, do que conduziríamos a partir daquele momento. A cidade esperou o ano todo para nos receber, e nem fazíamos ideia disso…

 

As pessoas de Teixeirópolis levam uma vida simples. Têm um coração generoso demais. As crianças brincam nas ruas, empinam pipas e andam de bicicleta. As mães sentam-se na frente de casa para ver as pessoas passarem, para conversar e tomar “tereré”. Não há rádio na cidade, só um carro de som. A maioria sobrevive com a agricultura e a pecuária. Temperatura: acima dos 40 graus…calor de rachar.

 

O que se ouve da população: “O melhor lugar para se viver. Não troco Teixeirópolis por nada nesse mundo”.

 

• Um novo cenário, uma nova rotina

 

O alojamento era numa Escola Municipal. Dormíamos no chão, tomávamos banho lá mesmo, com chuveiro elétrico e água gelada. Os banhos eram em escalas, pois havia 4 chuveiros para atender todos. Nosso dia era longo. O trabalho começava às 8h na escola e terminava quase meia-noite.

 

Todos nós tínhamos tarefas, professores e alunos. Nos intervalos de almoço e janta, lavávamos as nossas roupas e, também, as dos colegas. Limpávamos o alojamento, os banheiros e pendurávamos roupas no varal. Roçávamos um quintal para fazer uma horta coletiva para as crianças lá plantarem juntas, numa sequência de atividades. Programávamos as oficinas do dia seguinte, que tinham como público-alvo educadores, agentes de saúde e pessoas da população em geral. Terminávamos o dia avaliando os desafios e planejando os próximos dias.

 

Nossa alvorada era 6h da manhã, quando repetidas vezes estávamos de pé para caminhar, correr, nos exercitar e depois meditar. Após o jantar, nos reuníamos para dividir aprendizados e agradecer pelas coisas simples, mas que marcaram nosso dia.

 

• Após o trabalho, a despedida e o impacto que causamos

 

Na última semana, a pedido da Prefeitura e seus secretariados, eu e o Professor Gilson conduzimos um treinamento com todos os funcionários públicos com o intuito de provocá-los a fazer mudanças e gerar mais integração das pessoas em prol de uma cidade melhor. Nossa maior recompensa foi ver o grau de entrega, interesse e dedicação deles. O compromisso de colocarem novas ações em prática.

 

Na última noite, todos nós (professores e alunos) encerramos nossas atividades na cidade. De repente, uma emoção tomou conta daquele lugar… crianças e adultos nos abraçando com lágrimas rolando. O choro da gratidão e da saudade. Os muitos pedidos para que não esqueçamos deles e voltemos. A dor da separação. Inevitável.

 

No último instante, a resposta: a constatação do quanto nossa equipe mexeu com a cidade, renovou a esperança, deixou sua marca, despertou para a necessidade de mudança. “Caiu a ficha” de que é preciso colocar a mão na massa, fazer diferente. Dar novos passos com confiança.

 

Muitos lá nos disseram que estavam se inspirando em nós. Que o nosso carinho pelos colegas, nossa união, alegria e espírito de equipe inspiravam.

 

Isso só revelou tamanha dimensão da nossa responsabilidade. Reforçou na prática algo que falamos tanto nas empresas e nos cursos de administração e liderança: o exemplo inspira. SIM.

 

Liderança com valores

 

Estávamos em 21 voluntários, convivendo 3 semanas, praticamente 24 h por dia, com desafios e uma agenda lotada. Algumas pessoas nos perguntavam: “Como vocês, que são de cidades diferentes, se conheceram aqui, funcionam tão bem juntos?”

 

1. Porque exercemos liderança com valores.

 

Desde o início, deixamos as metas claras, definimos limites e estabelecemos contratos de convivência. Determinamos regras e papeis, combinamos entre nós como funcionaríamos diante das situações, pressões e precariedades. Cada integrante teria que dar o seu melhor, ao invés de reclamar ou se queixar do outro.

 

Ensinamos sobre a importância de comunicar claramente suas insatisfações e fazer ajustes, acordos, com transparência e autenticidade. Funcionou muito bem. Lá não havia espaço para fofocas, inclusive, esse foi o primeiro combinado.

 

Nem eu nem o outro professor deixamos nosso ego aflorar. Aquele era o momento de desenvolver e apoiar nossos alunos para fazer com que eles tivessem condições de brilhar.

 

2. Porque desenvolvemos pessoas.

 

Como professores, focamos também no desenvolvimento dos alunos, acompanhando os medos, inseguranças, conquistas e transformações de cada um. Vibrando com as vitórias e acolhendo as frustrações de cada voluntário. Em função da minha experiência com desenvolvimento de pessoas, acompanhei a evolução de cada indivíduo e do time como um todo, com espírito de colaboração e de coletividade – com desafios e acompanhamento das entregas diárias.

 

3. Porque aprendemos a ser um time

 

Aprendemos a ser um time a partir do momento em que fomos capazes de pedir e oferecer ajuda um ao outro, quando dialogamos sobre as coisas que funcionavam e sobre as coisas que poderiam ser feitas de modo diferente.

 

Quando fomos sutilmente provocados a mudar de atitude. Quando o outro acreditou na nossa capacidade de mudar, de acertar na próxima vez. E assim nos desafiou a prosseguir. Quando passamos a respeitar um ponto de vista diferente, em vez de desconsiderá-lo… mesmo diante das tantas emoções rolando em cada universo interior.

 

4. Porque aprendemos a lidar com as diferenças e ver valor nisso

 

A cada divergência, nos dávamos conta do quanto o pensamento diferente nos faz crescer. Passamos a ver as coisas de um outro ângulo, numa outra perspectiva. Nos demos conta de que as pessoas se importam com coisas diferentes. E que, então, cabia a cada um de nós ouvir, respeitar e, muitas vezes, mudar nosso comportamento. Pedir desculpas. Compreender que nós não mudamos o outro, a não ser que ele queira, que precise e que faça sentido. Nossos laços se fortaleceram com ingredientes como tolerância, respeito e amor. Pelo diálogo e pelo companheirismo.

 

A ilha e seus aprendizados

 

Nesta nova “ilha”, muitos aprendizados… lições que ficarão marcadas por toda vida, e que quero compartilhar com vocês.

 

1. Conviver é uma arte

 

Convivemos 24 horas com um grupo de pessoas durante 3 semanas, e isso nos ensinou a cuidar, tolerar e negociar. Porque, acima de tudo, cada indivíduo viveu num universo único, mas ao mesmo tempo integrado. Cada um precisava fazer a sua parte para conseguir conviver em comunidade.

 

O respeito se construiu com o diálogo aberto e verdadeiro, a partir do momento que acionamos a nossa tolerância e nos abrimos para reconhecer a beleza oculta nas diferenças de cada um.

 

2. Diferentes perspectivas e as lentes pelas quais enxergamos o mundo e a vida

 

Vi uma ilha chamada Teixeirópolis. Isolada. Distante. Seus moradores dizem que lá é o melhor lugar para se viver. Dizem que a vida deles está boa como está.

 

Pra que mudar (no ponto de vista deles)?

 

É interessante pensar que quando não conhecemos outras realidades, o mundo atual passa a ser o nosso referencial. Mas quando avançamos rumo alguma mudança, mudam também as perspectivas. Alguns filhos de Teixeirópolis saíram da cidade para estudar e nunca mais voltaram. Saíram de uma ilha, entraram em outra ilha, uma grande metrópole. Um novo referencial.

 

Nós vivemos em “ilhas”, também. Na família, na empresa, como se quiséssemos e pudéssemos viver isolados. Até o momento que o problema coletivo também começa a nos afetar. Quantas vezes fomos engolidos pela rotina! E o quanto já lutamos para manter as coisas como estavam, mesmo quando não estão boas!

 

Sim, seria mais fácil dizer que isso só deve acontecer lá longe, numa cidade distante no mapa. Mas o espelho do calor infernal nos revelou que a zona de conforto mora aqui, dentro de nós também. Tínhamos o desafio diário de contribuir pra mudanças mas, certamente, o impulso para a transformação só aconteceria se começássemos este trabalho por nós mesmos. Nos desafiando a conviver com as diferenças, a ver nossas qualidades e defeitos sendo colocados à prova a todo momento. A sentir dor… física e emocional. Saudades, calor, dor no corpo, cansaço, gripe. Limite.

 

Desse limite, nasciam flores, lições e aprendizados.

 

3. Lidar com imprevistos e imperfeições desperta humildade, solidariedade e esperança

 

Vi alunos que se prepararam seis meses para desenvolver oficinas para a comunidade e, ao chegarem lá, na data de estreia, não encontraram uma alma viva sequer para assistir. Frustração. Silêncio ensurdecedor. Vi outros alunos, que chegaram para apresentar suas oficinas e a sala estava lotada. Repleta de pessoas que questionavam, desafiavam. E então: medo. Desconforto. Sensação de não dar conta. De ser imperfeito.

 

Ao mesmo tempo, a sensação em cada aluno de que ele era o único a sentir isso tudo e se confrontar com esses fantasmas. Mas não… a transformação se concretizou na arte do compartilhar e de compreender que somos imperfeitos. Que há beleza na imperfeição.

 

Nessas trocas, pôde-se constatar que somos humanos. Que podemos pedir e oferecer ajuda. Que em vez de julgar o outro que fez algo ou deixou de fazer, posso convidá-lo a participar.

 

E então a equipe começa a funcionar. Quando se menos espera, as pessoas estão se entendendo e trabalhando juntas. Celebrando o resultado do outro, porque naturalmente se sentem parte.

 

Esses alunos precisavam lidar com isso, reconhecer falhas, superar o que precisava ser superado e seguir adiante. Com novas ações. E dava certo.

 

Esse era o treino diário. Saber que o minuto seguinte podia ser diferente, que erros e acertos eram parte do aprendizado, e isso foi o que tornou a experiência preciosa. Não podíamos perder tempo.

 

Diante desses espinhos, um foi ajudando o outro nas diferenças. Acolhendo, ouvindo e apoiando. Não teve público? Vamos fazer algo para mudar isso da próxima vez. E então, dava certo.

 

A autocrítica ou a sensação de “não ser bom o suficiente” era constante lá. Cabia a cada um de nós acolher e encorajar cada um a seguir, com autoconfiança e coragem.

 

Quando somos transparentes o suficiente para compartilhar nossas vulnerabilidades, permitimos que a nossa doçura aflore, desabroche, transborde.

 

E aí nos sentimos mais corajosos.

 

4. Pensar o futuro nos faz refletir sobre o presente. Olhar para fora nos desafia a olhar para dentro.

 

As crianças e jovens são o futuro da humanidade. Conhecemos outros países, mas pouco sabemos da cultura do país que vivemos. Do modo como as pessoas pensam.

 

Sabemos muito pouco mesmo sobre quem somos. Pouco nos olhamos no espelho para nos dar conta de quem somos…das nossas potencialidades, fraquezas, de nos dar conta das batalhas que estamos enfrentando.

 

E é exatamente quando entregamos essa “autoridade” de dizer quem nós somos ao outro que começamos a nos comparar com o outro e a encolher nosso potencial.

 

Mas quando nos permitimos aceitar nossas limitações e reconhecer nossas habilidades, passamos a perceber que podemos ir muito mais além. Quando nos aceitamos como somos, aceitamos também o convite de somar na vida do outro.

 

Tudo começa pelo autoconhecimento. Olhar-se no espelho. Soltar-se das armaduras que nos impedem de ser verdadeiramente livres. Pouco a pouco, os abraços, as lágrimas, derretem o desnecessário. E cada um se mostra como é. Verdadeiro, autêntico.

 

E então descobrimos que falhamos e, ao invés de sentir vergonha com isso, podemos nos dar a chance de olhar para o lado e ver que o outro também se sente inseguro, com medo. E que aquelas pessoas que a princípio se julgavam tão diferentes, agora se acolhem. Diante da dor, do medo da crítica, um acolhe o outro. E, nessa mistura, pessoas compartilham histórias de vida, de amor, escolhas e superações.

 

No medo, as pessoas se unem e nessas horas acontecem os momentos mais sublimes. Porque estamos todos juntos.

 

Certa noite, ficamos sem luz por alguns instantes. Foi suficiente para fazer as pessoas se unirem, se abraçarem e perceberem o céu estrelado, as estrelas cadentes por lá. Aproveitar a energia do grupo unido, sentir na pele e no coração aquela energia fluindo. A sensação de que aquele momento jamais voltará.

 

Verdade pura.

 

Enquanto isso, cuidávamos de um peixe, que assava, e o medo era que nosso jantar fosse invadido por cachorros ou baratas naquela escuridão absoluta (risos). A guarda do peixe era alternada. Uma questão de sobrevivência.

 

5. Pequenos gestos ou ações podem gerar grandes impactos. E estamos todos juntos nessa jornada

 

As pessoas querem ser vistas, encorajadas e reconhecidas, sobretudo num mundo que muitas vezes nos faz parecer invisíveis. As pessoas se aposentam ou envelhecem e, de um momento para outro, já não se sentem úteis. Mas o que parece pouco para mim representa muito para o outro. Nesse universo, crianças, jovens e idosos querem e precisam ser vistos, porque todos nós precisamos de atenção.

 

Somos corresponsáveis por tudo o que acontece e nos afeta de alguma forma. O que estamos fazendo que contribui ou evita essa situação?

 

6. O amor move montanhas

 

Fala-se tanto de amor ao próximo.

 

Mas quem é o próximo? É todo aquele de quem eu me aproximo, independente da sua condição social. Por isso, depende de mim o fazer dos outros meus inimigos ou próximos. Posso assumir um projeto de vida no qual para mim não haja inimigos e, pelo cuidado, pelo perdão e pela acolhida, todos possam ser aproximados e feitos meus próximos.

 

Julgamos porque temos medo. Temos medo do julgamento do outro porque julgamos.

 

Quando as pessoas são tocadas com afeto, por exemplo, passam a ter a chance de lançar novos olhos e mudar. Devemos levar união aonde há discórdia, eliminando as causas que levam à discórdia.

 

Afastamos o medo quando introduzimos a confiança, o amor incondicional e o cuidado. Podemos ver isso claramente quando as pessoas começam a cuidar umas das outras, da saúde, da educação, da comunidade e do meio ambiente.

 

7. Decisão, foco e persistência: nem todo mundo está disposto

 

Fazer algo novo, talvez na contramão do que a maior parte das pessoas fazem, deixando família, trabalhos e dinheiro para servir ao próximo foi, para mim, desafiador. Quando se aproximou a data da minha viagem, algumas pessoas me perguntaram, curiosas: “Para onde você vai mesmo? Nossa, que loucura. Não tinha passagem pra Disney não?”

 

Outras me desejavam “Boa sorte”, “Tome cuidado”, “Cuidado com índios, com os animais, com sua saúde”.

 

“Vai deixar sua filha de 7 anos por quase um mês?” Por um tempo, sim. De modo planejado, ela ficou muito bem cuidada. Segundo ela, “Sua mãe estava numa missão corajosa para ajudar pessoas a terem uma vida melhor…” Pois é, creio que ensinamos muito mais pelo exemplo. Desde o início, a envolvi nos preparativos, e ela esteve presente inclusive na reunião com os familiares dos alunos, acompanhando fotos e histórias também.

 

Sabe, no fim, se eu tivesse listado todas as recomendações, preocupações e provocações das outras pessoas, certamente não teria saído do lugar.

 

Especialmente porque eu não fazia ideia do que viveria por lá. E é claro que de vez em quando parte desse medo coletivo me assombrava. Mas segui na meta.

 

Depois que retornei, e que obtive vários reconhecimentos por isso, muitos comentaram: “Legal! Também quero fazer isso um dia”.

 

Sabe o que despertou em mim a vontade de realizar essa viagem? Saber que não tenho todo o tempo do mundo para cumprir com tudo o que gostaria. Pensei: por que não a fazer agora?

 

Sim, podia ter ido a tantos lugares. Fui escolher parar em… Teixeirópolis, cidade com 4 mil habitantes. A partir de tudo que eu ouvi antes de ir, eu poderia dizer que: talvez essa não seja mesmo uma experiência para qualquer um… simplesmente porque nem todas as pessoas estariam dispostas a abrir mão do conforto, do dinheiro, das férias e da família por um tempo.

 

Ao retornar, as pessoas nos perguntavam tantas coisas, que ficava difícil expressar em palavras. Alguns perguntavam sobre a existência de animais selvagens, índios, coisas assim. Senti como se um estrangeiro estivesse me perguntando essas coisas … se no Brasil só existe índio e animais. Não, não vi aldeias indígenas nem muitos animais. Vi muito desmatamento, isso sim. Conheci um pouco mais do nosso Brasil. O Brasil…

 

Nesse período, ouvi histórias e mais histórias de mulheres guerreiras, de militares que foram em missões, histórias de violência, e também de morte. E também sobre como funcionam algumas aldeias indígenas. Chegamos até a participar de um Treinamento de Sobrevivência na Selva, com o Exército. Mas isso é assunto para outro artigo.

 

Essa foi uma viagem para dentro do Brasil e para dentro do meu Ser.

Nosso Brasil clama por exemplos. Trocas. Amor. Porque quem ama, cuida.

Mas enquanto não aprendemos a amar, não saberemos cuidar.

 

Teixeirópolis nos ensinou a amar. Como? Nos acolhendo. Amando. Oferecendo o que tinham de melhor, do modo mais simples e verdadeiro possível. Estavam abertos a receber e aprender. Fomos levar conhecimento lá, mas voltamos com uma bagagem muito maior. E então, de uma lição de amor, nós aprendemos a ser equipe.

 

Essa lição eles dizem que aprenderam conosco. Porque agora entendem que o futuro dos seus filhos e netos, depende do que construírem juntos. E então eles lutam juntos para fazerem a sua parte. De um jeito que é só deles. E está tudo bem.