A Importância do Contexto no Storytelling com Dados

Resumo

 

Este artigo tem como objetivo a identificação de quais elementos são essencialmente importantes para o desenvolvimento do contexto, e porque ele é importante em uma boa narrativa utilizando dados. Foram realizadas revisões de referências bibliográficas de autores que escrevem sobre criação de narrativas e desenvolvimento de uma boa oratória para a estruturação deste estudo. Observou-se que a avaliação do contexto no qual a comunicação será realizada é imprescindível para o sucesso da apresentação de dados, dentre os quais devem ser considerados: o que será exposto, como deverá ser explanado e para quem serão demonstrados os objetos de análise. Igualmente importante são as avaliações de estratégias, o tom de comunicação a ser utilizado e a conexão com a audiência.

 

Palavras-chave: storytelling com dados; narrativa com dados; oratória.

 

1. Introdução

 

Os dados são instrumentos para a tomada de decisão nos mais diversos ambientes de trabalho, sejam eles corporativos, governamentais ou não governamentais. Segundo Nancy Duarte, em seu livro Data Story, “Líderes de todos os setores gastam grandes quantias de dinheiro em coleta e análise de dados, porém o valor vem quando alguém comunica de forma convincente o que os dados revelam” (DUARTE, 2021, p. 10).

 

Identificar como é possível gerar valor para a tomada de decisão organizacional a partir das análises de dados desenvolvidas e alcançar êxito na comunicação das recomendações realizadas para que elas sejam colocadas em prática são habilidades que podem destacar um profissional dentro de uma empresa. A autora Nancy Duarte comenta que:

 

Pesquisa realizada pela Burning Glass Technology para a IBM descobriu que os empregadores exigiam que os cientistas fossem mais proficientes em soft skills do que quase todos os outros empregos. Eles querem colaboradores capazes de unir exploração de dados a fortes habilidades de solução de problemas e escrita (DUARTE, 2021, p. 9).

 

Para que os dados sejam comunicados de forma eficaz, alguns elementos são apontados como essenciais, como o contexto. Para Cole Nussbaumer:

 

O sucesso na visualização de dados não começa com a visualização de dados. Em vez disso, antes de começar a criar uma apresentação ou comunicação de dados, a atenção e o tempo devem estar voltados a entender o contexto de necessidade de se comunicar (KNAFLIC, 2018, p. 17).

 

Além do contexto, entender a quem se destina a sua mensagem também contribui para o impacto que a comunicação alcançará. Por isso, é importante conhecer os objetivos de negócio que as pessoas possuem, assim como se elas precisam alcançar metas específicas, e quais são essas metas.

 

2. Desenvolvimento

2.1. A Definição do Contexto: O Que, Para que e Como

 

A forma como uma história é contada, explicando os desafios encontrados e as recomendações que foram desenvolvidas a partir desse trabalho. Enfim, o modo como os dados são transmitidos, pode mudar o rumo de uma empresa, e da carreira de quem a apresenta, ou as pessoas podem simplesmente não entender a importância daquela conclusão.

 

Para alcançar maior êxito no desenvolvimento de uma apresentação com dados, KNAFLIC, 2018 afirma que é importante refletir sobre 3 macro questões: o que será comunicado, qual o objetivo da comunicação e como serão comunicados os dados.

 

No primeiro tópico, o que será comunicado é importante analisar quais informações são relevantes ou fundamentais: aquelas que não podem ser esquecidas, pois haverá impacto no entendimento da situação.

 

O segundo ponto a ser definido seria o objetivo. Por isso, refletir sobre os objetivos que se deseja alcançar ao comunicar as informações é importante, pois a meta da comunicação é muito relevante para direcionar o tom da fala a ser utilizada e evitar que a discussão seja direcionada a um objetivo que distraia a todos para a questão que de fato deve ser considerada.

 

O terceiro ponto a ser considerado no desenvolvimento do contexto seria  o como, que também é um fator importante a ser considerado. Por isso, é importante refletir se o arquivo será apresentado ao vivo ou enviado por e- mail, pois, se a apresentação será ao vivo, o ideal é manter nos slides apenas os tópicos a serem apresentados, como um guia do discurso, pois as pessoas devem prestar atenção ao que será dito, não ao que está escrito no slide.

 

Por outro lado, se enviará o arquivo por e-mail, será preciso comunicar as informações em um maior nível de detalhe para não gerar dúvidas, pois possivelmente quem comunica não estará presente quando a pessoa realizar a leitura do e-mail e, por isso, precisa-se evitar desentendimentos que podem ser esclarecidos no próprio arquivo.

 

Uma dica importante mencionada no livro Storytelling na Prática (NORRIS, 2020) é tentar antecipar questionamentos que podem acontecer. Um bom método é conversar com colegas que não estão trabalhando diretamente no assunto e, a partir das críticas deles, é possível alterar o arquivo para evitar o máximo de dúvidas possíveis.

 

Dessa forma, as autoras defendem que é possível definir um bom contexto e, assim, analisar o próximo passo: identificar o público que receberá a mensagem.

 

2.2. Identificação do Para Quem Falaremos e Conexão com a Audiência

 

O entendimento sobre a audiência que receberá a nossa mensagem também é um fator importante para o direcionamento da narrativa com dados. A escritora Nancy Duarte, em seu livro DataStory, afirma que “O cérebro humano foi feito para processar histórias. Ao transformar seus dados em cenários vívidos e estruturar sua entrega na forma de uma história, você fará seu público importar- se com o que seus dados dizem.” (DUARTE, 2021, p. 4).

 

Ao definir com quem falaremos, no livro Storytelling com dados (KNAFLIC, 2018) são apontadas algumas questões importantes a serem pensadas: quem vai consumir os seus dados? O que sabemos a respeito dele ou dela? Essa pessoa te conhece ou você precisa primeiro demonstrar autoridade no assunto para gerar confiança? Existe uma ansiedade para te ouvir, ou na verdade eles ou elas estão resistentes?

 

Essas questões darão um direcionamento sobre como a pessoa deve apresentar suas ideias, destacando as informações que podem interessar o público e o tom de comunicação que será utilizado: mais ou menos informal. Essa adaptação é necessária, e não se trata de criar um personagem, e sim adequar- se ao ambiente.

 

Um cuidado importante é saber quem vai ser impactado pela comunicação, pois a forma como um gestor consome dados é diferente da maneira como um analista, que está em um nível mais operacional, absorve essas informações.

 

Sobre como cada função absorve informações, (DUARTE, 2021) pontua que o primeiro, em função de liderança, preocupa-se mais com big numbers e uma fotografia mais macro dos fatos. Assim, é possível gerar recomendações para uma tomada de decisão tática a partir de uma visão de negócio mais a médio e longo prazo.

 

Já o analista precisa de dados que possam ser utilizados para melhorar a performance diária das atividades operacionalizadas por ele naquelas tarefas específicas, sem necessariamente ter uma visão mais ampla do negócio como um todo.

 

Sobre a forma de se comunicar, Dana Norris afirma que “As pessoas confiam mais quando você usa um estilo de linguagem parecido com o delas. Quando estiver apresentando para um público mais intimista, pode ser útil trabalhar com palavras-chave ou expressões usadas por esse grupo.” (NORRIS, 2020, p. 100).

 

Por isso, entenda também o vocabulário utilizado por cada um dos grupos que você precisará interagir e adapte sua apresentação para criar conexões mais efetivas com eles.

 

3. Considerações Finais

 

Como vimos ao longo deste estudo, a definição de contexto é de grande importância, pois permite que seja realizado de forma assertiva o direcionamento de comunicação que a narrativa de dados precisa alcançar.

 

Analisar qual é o perfil das pessoas que consumirá seu estudo, seja enviado por e-mail ou apresentado ao vivo, possibilita direcionar o vocabulário e as recomendações mais assertivas para que elas possam compreender a mensagem que foi direcionada a elas.

 

Assim como o contexto, a identificação do público que será impactado compõe o entendimento inicial necessário para um bom desenvolvimento de storytelling com dados e deve ser levada em consideração por todos aqueles que desejam comunicar de forma eficiente para direcionar as melhores ações para as tomadas de decisão em qualquer ambiente organizacional.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

DUARTE, Nancy. DataStory: Explique dados e inspire ações por meio de histórias. Rio de Janeiro: Alta Books, 2021.

 

KNAFLIC, Cole Nussbaumer. Storytelling com dados: um guia sobre visualização de dados para profissionais de negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018.

 

NORRIS, Dana. Storytelling na prática: 10 regras simples para contar uma boa história. Rio de Janeiro: Ubook, 2020.