Atualmente, educação financeira é um dos temas mais discutidos no cenário nacional. Segundo o Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (2014), em uma pesquisa realizada pela Standard & Poor, o Brasil é o 74º país em classificação global de educação financeira, perdendo inclusive para alguns dos países mais pobres do mundo, como Madagascar, Togo e Zimbábue. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (2021), citada no G1, cerca de 70% das famílias brasileiras estão endividadas, maior nível dos últimos 11 anos, e, dessa porcentagem, quase 82% são dívidas provindas da utilização de cartões de crédito, uma forma de crédito que pode chegar a uma taxa de juros anual de até 400%.
Em um primeiro olhar, é difícil entender como um tema tão discutido atualmente acaba sendo um dos maiores problemas que a economia do nosso país enfrenta. Porém, olhando um pouco mais a fundo, algumas explicações auxiliam a mapear o porquê dessas estatísticas: atualmente poucos colégios públicos possuem a disciplina de educação financeira na grade curricular; menos de 10% dos brasileiros buscam uma alternativa para o déficit da previdência social; menos de 2% dos brasileiros possuem CPF cadastrado na B3. Um ponto de grande atenção também, é a média de livros que os brasileiros leem anualmente: menos de 3. Ou seja, nota-se que nosso país não tem uma sede, um interesse genuíno, por conhecimento em sua maior parte. Sendo assim, um assunto que não se aprende no colégio, que não possui incentivo por nenhuma fonte, em um país em que não se pratica a leitura, torna-se amplamente deficitário, sendo realmente poucas exceções que buscam essa categoria de conhecimento.
Visando modificar o cenário do nosso país perante as finanças pessoais, o principal ponto a ser abordado deve ser a democratização da educação e o principal meio, hoje, é a partir da transformação digital, uma plataforma de ensino totalmente à distância, onde as pessoas precisam somente de acesso à internet para conseguir acessar esse conhecimento. Obviamente isso não seria imediato e 100% do público seria atingido rapidamente, mas, segundo o Ministério das Comunicações (2019), cerca de 82,7% dos brasileiros têm acesso à internet, então a democratização desse conhecimento já seria muito mais ampla. O intuito é, inicialmente, utilizar a Metodologia Ágil Scrum, montar a linha de produção dessa tecnologia e estipular um MVP (produto mínimo viável) para ser lançado ao mercado. Com o MVP, é possível disponibilizar ao público, e, a partir disso, fazer as otimizações com o tempo. Sendo assim, além do conhecimento, torna-se possível disponibilizar também ferramentas de controle de finanças pessoais, plataformas de acompanhamento de investimentos, entre outros.
Por fim, nota-se que é possível, a partir da tecnologia, processos e ferramentas, implementar metodologias que facilitem e democratizem o conhecimento sobre educação financeira e finanças pessoais para um grande público brasileiro. Sendo assim, cabe ao Governo Federal – órgão responsável pela democratização do ensino da população – elaborar um setor de desenvolvimento dessa tecnologia, com profissionais da área de tecnologia em associação com profissionais do mercado financeiro, para que essa democratização seja feita a custo zero ou o mais próximo disso possível, mas depende também, principalmente, do interesse das pessoas em mudar esse cenário, adquirir o conhecimento e mudar a economia do nosso Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE GOIÁS (Goiás). Brasil é o 74º em ranking global de educação financeira. [S. l.], 29 nov. 2014. Disponível em: <https://crcgo.org.br/novo/?p=9580>. Acesso em: 19 ago. 2021.
G1 (Brasil). Percentual de famílias com dívidas chega a 70% e Brasil atinge o maior nível em 11 anos, aponta CNC. [S. l.], 19 jul. 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/07/01/percentual-de-familias-comdividas-chega-a-70percent-e-brasil-atinge-o-maior-nivel-em-11-anos-apontacnc.ghtml>. Acesso em: 19 ago. 2021.
MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES (Brasil). Pesquisa mostra que 82,7% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. [S. l.], 14 abr. 2021. Disponível em: >https://www.gov.br/mcom/pt-br/noticias/2021/abril/pesquisa-mostra-que-82-7-dosdomicilios-brasileiros-tem-acesso-a-internet>. Acesso em: 19 ago. 2021.
