A teoria do Golden Circle “(…) é uma visão alternativa para as suposições existentes acerca do motivo de algumas organizações terem atingido um grau tão desproporcional de influência.” (SINEK, 2018, p.48). Composto pelos três círculos – por quê, como e o quê –, o autor explica que as pessoas não compram o que você faz, mas sim o porquê você faz. Ou seja, quanto mais claro for o seu propósito, maior será o engajamento, a empatia e a inspiração por parte de quem compartilha os mesmos valores.
A Walt Disney World é um grande exemplo de aplicação dessa metodologia. Ela foi projetada e minimamente calculada para entregar aos seus convidados “os momentos mais espetaculares da sua vida”. (COCKERELL, 2017, p.169). A cultura voltada aos detalhes faz com que as janelas sejam maiores do que o normal, justamente para atender ao público adulto e infantil, sem dificuldades. As lixeiras estão estrategicamente próximas, pensadas no tempo máximo que uma pessoa segura o lixo na mão, e são sugadas de 15 em 15 minutos, para assim estarem sempre vazias.
O parque foi construído sob uma perspectiva forçada, ou seja, ele cria uma ilusão de ótica referente à distância. O Castelo da Cinderela, por exemplo, tem pedras maiores próximas ao chão e menores em sua finalização. Já na Haunted Mansion, você poderá notar que o segundo andar é menor que o primeiro, e o terceiro menor do que o segundo. Os postes para amarrar os cavalos, localizados na Main Street, que apresentam pontas mais gastas são constantemente reparados. “Não só os postes são retocados todas as noites, como o início da tarefa depende da temperatura e da umidade, para que a tinta já esteja seca no horário de abertura do parque, na manhã seguinte.” (CONNELLAN, 2010, p.43).
Outro ponto importante e que merece destaque é a contratação de membros de elenco para um show, e não simplesmente funcionários para trabalhar. Os recém-chegados são apresentados ao Disney Traditions, um curso introdutório de como produzir o espetáculo, conduzido por membros veteranos. O objetivo desse treinamento, de acordo com o Disney Institute (2011), não é colocar as pessoas na Disney, e sim colocar a Disney nas pessoas. Ali, também, eles são preparados para identificar oportunidades e fazer algo especial a todo momento – seja acompanhar um idoso até o banheiro, trocar um sorvete que caiu, ou pedir um autógrafo para uma criança vestida de Cinderela. Esses pequenos atos de gentileza fazem parte do treinamento de cinco minutinhos e, de acordo com Cockerell (2017), eles causam enorme surpresa e alegria aos convidados.
Nos exemplos apontados acima, pode-se perceber que a estratégia do Golden Circle faz parte da organização e, de forma muito transparente, evidencia sua essência aos que trabalham e, também, aos que visitam a Disney. De acordo com Lang (2016, p.85) as “(…) pessoas não compram coisas, compram sonhos. Pessoas não se comprometem com planos, se comprometem com causas.” E, nesse aspecto, a Disney se destaca criando conexões emocionais e cumprindo com o seu propósito de fazer pessoas felizes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COCKERELL, Lee. Criando magia: 10 estratégias de liderança desenvolvidas ao longo de uma vida na Disney. Tradução de Carolina Alfaro. 1.ed. São Paulo: Benvirá, 2017. ISBN: 978-85-5717-079-7.
CONNELLAN, Tom. Nos bastidores da Disney: os segredos do sucesso da mais poderosa empresa de diversão do mundo. Tradução de Marcello Borges. 22.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ISBN: 978-85-02-10250-7.
DISNEY INSTITUTE. O jeito Disney de encantar os clientes: do atendimento excepcional ao nunca parar de crescer e acreditar. Tradução de Cristina Yamagami.
1.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ISBN: 978-85-02-12404-2.
LANG, Rodrigo. Comunicação e vendas de alto impacto. 1.ed. Rio de Janeiro:
Autografia, 2016. ISBN: 978-85-5526-791-8.
SINEK, Simon. Comece pelo porquê: como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir. Tradução de Paulo Geiger. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. ISBN:
978-85-431-0664-9.