Influência das Finanças Comportamentais na escolha de compras interestaduais

Por muito tempo acreditou-se que os seres humanos fossem agentes racionais que tomavam as melhores decisões sem que variáveis fatores pudessem influenciar. Lobão (2012) afirma que as decisões dos agentes racionais são fundamentadas em três princípios básicos: racionalidade perfeita, auto interesse perfeito e informação perfeita.

 

Segundo Hebert Simon (1955), a complexidade dos problemas e a capacidade cognitiva do indivíduo limitam sua capacidade de tomar decisões em condições de perfeita racionalidade. Normalmente, as pessoas são contra o risco para ganhos e propensas ao risco para perdas, além de que as escolhas são feitas a partir de um ponto de referência, aceitando soluções satisfatórias ao invés de ótimas, não visualizando o longo prazo.

 

Atualmente, vários estudiosos, dentre eles Kahneman e Tversky, tem desenvolvido linhas de pesquisa sobre Finanças Comportamentais, demonstrando a influência do indivíduo no processo de tomada de decisão. Elas contestam a existência da racionalidade ilimitada ao expor que é possível que os indivíduos tenham seus comportamentos afetados devido a aspectos de irracionalidade, utilizando atalhos mentais para simplificação do processo decisório, como, por exemplo, a escolha de fornecedores.

 

No setor de compras de uma empresa, para se realizar a escolha de um fornecedor, são levados vários fatores, dentre eles: qualidade, custo, entrega, flexibilidade e serviço. Dentro do custo, temos um ponto importante que muitas vezes o comprador ou responsável pelo setor de compras não avalia. Uma vez que todos os outros fatores sejam satisfatórios e o custo menor dentre os outros, mesmo que o fornecedor seja de outro estado, ele é o escolhido para fornecer a mercadoria.

 

Esse fator é o cálculo de imposto devido ao estado de destino, sendo o ICMS ST para mercadorias que serão revendidas ou diferencial de alíquotas para insumos industriais. Muitas vezes, o comprador aceita apenas a solução satisfatória do menor custo sem avaliar a longo prazo que terão impostos que acabam deixando o produto comprado mais caro e que, muitas vezes, se fosse feito um estudo mais a fundo, procurando enxergar toda a cadeia, poderia ter feito a escolha de um fornecedor dentro do estado, com custo de mercadoria menor.

 

Em suma, observa-se a importância das finanças comportamentais para compreender quais atalhos mentais podem prejudicar a escolha de pessoas que possuem cargos de decisão dentro das empresas. Uma vez que a empresa sabe quais pontos devem observar a fundo que podem atrapalhar a decisão, melhor é o resultado da escolha tomada, seja investimento, a escolha de um fornecedor de mercadorias ou insumos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

LOBÃO, J. Finanças Comportamentais: quando a economia encontra a psicologia. São Paulo: Actual, 2012.

 

SIMON, H. A. A behavioral model of rational choice. Quartely Journal of Economics, 69, February 1955, p. 99-118.

 

PICOLOTO, D. Análise multicritério para seleção de fornecedores na indústria moveleira. 2020. Dissertação (Bacharel em Engenharia de Produção) – Universidade de Caxias do Sul, 2020.