O Consumismo Compulsivo é hoje uma realidade inquestionável, pois homens e mulheres estão cada vez mais propensos a consumir sem medidas. A mídia, que se sustenta da publicidade, pode ser apontada como quem vai, muitas vezes, determinar a compra efetuada por leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.
Os meios de comunicação, em especial a internet, exibem, diariamente, ofertas “tentadoras”. Preços reduzidos, parcelamentos em longo prazo e inovações tecnológicas são capazes de determinar a compra até mesmo em quem não tem necessidade ou utilidade para um produto que compraria para si. Observa-se, igualmente, os apelos da mídia eletrônica, que são capazes de provocar no consumidor uma busca desmedida, consequência de um comportamento isento de autonomia. Nota-se ainda que a liberdade de pensamento, tão apregoada pela imprensa, se torna comprometida quando autorizada, ainda que sem perceber, pelas ideias carregadas de conteúdo ideológico. O avanço tecnológico é positivo. A modernidade permite melhor qualidade de vida bem como permite desfrutar de confortos ou recursos. O que se pretende não é negar essa indiscutível realidade, mas despertar uma reflexão sobre até que ponto se usa a tecnologia em favor próprio, de forma consciente, ponderada e satisfatória.
As redes sociais, acessadas via internet, permitem que marcas e consumidores convivam diariamente num ambiente único, gerando oportunidades e riscos. As empresas expõem seus produtos e serviços a grandes públicos, e a distinção entre publicidade e conteúdo na mídia fica cada vez mais turva, levando a necessidade cada vez maior de filtros pessoais para o consumismo. O segredo do negócio costuma ser aliar uma marca conceituada, um serviço excelente e um preço mais que excepcional.
É cada vez maior o número de produtos e serviços disponíveis para compras virtuais. O acesso aos sites possibilita conhecer em detalhes cada produto, desde a captação de matéria-prima, passando por sua transformação, até chegar ao produto final. Existem informações disponíveis até mesmo sobre as referências das empresas que fabricam ou comercializam os produtos. Já é possível receber via computador as notícias dos jornais e revistas, assistir a telejornais ao vivo e comprar sem sair de casa produtos como livros, flores, roupas, vinhos e, até mesmo, motocicletas e automóveis.
Observa-se que a lógica da liquidez segue a lógica do consumo, do mercado. A satisfação plena dos desejos de consumo arruinaria a economia capitalista. Afinal, se os desejos de consumo pudessem ser saciados totalmente, chegaria um ponto em que o indivíduo deixaria de consumir mais e mais como a lógica do capital requer.
Nada há de questionável no fato de adquirir mercadorias e fazer uso de serviços, sejam eles quais forem. Deve-se ter em mente, entretanto, que algumas condutas se convertem em compulsões com mais facilidade que outras, dependendo da disposição pessoal, das circunstâncias existenciais, do entorno social da pessoa e do potencial compulsivo da atividade ou da conduta em si. Uma leitura crítica e uma atenção acentuada ao meio, às relações interpessoais e às manipulações óbvias que meios de comunicação apresentam ainda é o caminho certo para criar seletividade acertada e aproveitar essa ferramenta de forma sadia e como forma de crescimento pessoal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Z. Vida líquida. Trad. Medeiros, M.C. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2007.
GUARESCHI, P.A. Sociologia crítica: alternativas de mudança, 610 ed. – Porto Alegre: Mundo. Jovem, 2018.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados São Paulo: Futura, 2021.
NAGIB, G.; MELIKIAN, V.; DODÔ, V. Manual do Pão Duro. Rio de Janeiro. Razão Cultural, 2005.
TONETTO, Leandro, Racionalidade Limitada e consumo: a Configuração de objetivos na tomada de decisão do consumidor, PUCRS, 2009.