Sempre afirmo que as nossas certezas são traidoras. Entretanto, uma das poucas coisas que tenho certeza na vida é: criatividade é uma das grandes habilidades humanas que foram atrofiadas ao longo do tempo.
Na minha definição, criatividade nada mais é do que imaginação aplicada para resolução de problemas. E nada é mais humano do que isso. Resolver problemas é nossa principal tarefa do dia a dia, desde problemas simples até questões altamente complexas.
Frente a isso, precisamos saber que, quando nos deparamos com um desafio, sempre é possível adotar duas soluções: repetir um padrão de solução já imaginado ou usar a imaginação. Cada vez mais nos esquecemos da segunda forma e optamos automaticamente por repetir padrões.
Neste ponto do artigo, quero enfim poder dividir uma frase com vocês. Ela foi dita por um grande cientista, que ficou conhecido pela elaboração da pirâmide das necessidades humanas, que leva seu nome:
“O homem criativo não é um homem ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou” – Abraham Maslow.
E por que estou citando essa frase neste exato momento? Pois tenho certeza que estou conversando com líderes ou futuros líderes. A tese que eu venho defendendo há anos é: culpamos de forma intensa – e com parcela de razão – o sistema educacional e a nossa formação por serem elementos limitadores da nossa criatividade mas, na fase adulta, os líderes – em empresas de todos os portes – vêm sendo elementos cerceadores da capacidade de criatividade e inovação.
Todas as empresas querem se vender como inovadoras nos dias de hoje. Ter um ambiente de trabalho que permita florescer a inovação (costumo dizer que inovação nada mais é do que criatividade aplicada a gerar dinheiro) não é ter escritório colorido ou happy hour toda semana. É ter processos que não permitam tirar a criatividade do ser humano. Lembre-se da frase: O homem criativo não é um homem ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou.
Sabendo-se disso? Como posso não tirar a criatividade da minha equipe?
Depois de anos de consultoria, nas maiores empresas do país e do mundo, posso afirmar: a solução começa de uma forma simples. Nós não sabemos abraçar o erro e desenvolvemos uma cultura forte de punir o erro – seja ele qual for. Estamos excessivamente preocupados e constantemente com medo do erro. O ambiente empresarial não o aceita. Quando algo não vai bem, buscamos o culpado, nos preenchemos de justificativas. A cultura do erro representa um interessante modo de pensar das empresas realmente inovadoras. É a possibilidade de errar e aprender com os erros a característica mais marcante dessas empresas, diferenciando-as das falsamente abertas à inovação.
Desse modo, separei 5 dicas que considero fundamentais para você implementar a cultura do erro de forma simples na sua organização:
1) Treine a liderança: os líderes devem saber que o erro faz parte do processo;
2) Entenda o erro: aprender com o erro exige saber a real causa raiz do mesmo. Não estamos falando de culpados, estamos questionando a razão de algo ter dado errado;
3) Colha dados: a estatística é uma das mais úteis ferramentas na melhoria e inovação. Colha dados de forma constante sobre o erro;
4) Faça uma lista de aprendizado: costumo dizer que cada erro deve gerar, pelo menos, um aprendizado. Coloque esse no papel e compartilhe;
5) Pivote: mude e teste suas soluções;
Por último, lembre-se: organizações são feitas de pessoas. Mudando a forma como as pessoas agem, você mudará a forma como sua empresa performa.
Rodrigo Lang, sócio-fundador do BBI of Chicago.
Foi fundador de um dos maiores grupos de educação do Brasil no início dos anos 2000.
Com vasta experiência em consultoria em mais de 30 países, Lang desenvolveu uma das metodologias consideradas referência no mundo da negociação.