Soft Skills: Qual a Relevância do Desenvolvimento Comportamental nas Novas Relações de Trabalho?

Criadas em meados dos anos 60 e 70 pelo exército norte-americano, as soft skills, aqui chamadas de competências ou habilidades comportamentais, têm sido muito difundidas não só nos setores de recursos humanos das grandes corporações, mas também por empreendedores, palestrantes e mentores da área corporativa. 

 

Daniel Goleman (1998, p. 44), afirma que “há uma sinergia entre as capacidades de inteligência emocional e cognitiva. Os que têm desempenho destacado são os que possuem ambas”. A pergunta a ser esclarecida é: o que se espera dos profissionais neste contexto dinâmico, moderno, disruptivo e até, por que não, pós-pandêmico?

 

Argumentar a aplicabilidade das soft skills no ambiente corporativo, exige esclarecer a premissa que norteia a missão, visão e valores de uma empresa e seus colaboradores: um bom processo de comunicação integrada. De acordo com Bueno (2009, p. 6), “a comunicação é o espelho da cultura empresarial e reflete, necessariamente, os valores das organizações”. Organizações onde a comunicação ocorre de forma efetiva entre líderes e liderados, são ambientes mais propícios a uma boa cultura organizacional, times engajados e em constante manutenção de suas habilidades comportamentais. 

 

Os modelos mais disruptivos de negócio apresentam organogramas flexibilizados nos quais o processo comunicacional não é negligenciado pelas pessoas. Do CEO, passando por seus heads e VPs, até às pontas dos times, a chance de ruído é mitigada e o DNA da empresa é implementado no dia a dia da corporação. 

 

Quando se pensa em habilidades comportamentais, há um evidente paradoxo quanto à formação humana. Trata-se de frameworks que as faculdades tradicionais não ensinaram, as gerações X e baby boomers não tiveram profundo conhecimento, mas empreendedores que se destacaram em seus negócios desenvolveram, muitas vezes sem o conhecimento que se tem hoje. Obstinados pela excelência em suas empreitadas, se moldaram empáticos, dotados de inteligência emocional, capacidade de negociar, comunicar, gerenciar a si próprios e suas equipes e ser resilientes. O que mudou de lá para cá? 

 

Nas relações profissionais de hoje, as soft skills passam por um período de democratização, seja na busca pela especialização destas competências ou pelos reflexos do que o mercado exige e de quais formas as pessoas podem desenvolvê-las. 

 

Internamente, por exemplo, os ambientes corporativos se aproveitam das múltiplas habilidades dos colaboradores na aplicação de metodologias como design thinking, design sprint e scrum para implementar soluções rápidas, criativas e que sejam disruptivas na cadeia de desenvolvimento de seus produtos, serviços e soluções. E este é apenas um cenário no qual as soft skills se mostram não só como um diferencial, mas uma exigência aos profissionais. 

 

Ao passo que a cultura do desenvolvimento profissional mensura de forma cada vez mais exigente o nível de versatilidade dos colaboradores, é necessário um investimento por parte de todos os atores deste ambiente para que as habilidades comportamentais façam parte da capacitação e vivência nas carreiras, independentemente de mercado, segmento ou setor. 

 

Cabe aos líderes, gestores e seus stakeholders o estímulo “intracorporativo”. À academia, incentivos cada vez maiores e mais democráticos ao acesso neste modelo de formação. E à sociedade como um todo, caminhos em que estas habilidades sejam amplamente discutidas em grupos, comunidades e meios de comunicação, a fim de que a régua com a qual se mede o grau de competência e excelência, seja tão democrática a ponto de abranger opções de capacitação teórica e prática sem ter em conta as desigualdades que o mundo moderno infelizmente já apresenta. 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a inteligência emocional. Tradução: M. H. C. Côrtes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Disponível em: https://intranet.brasal.com.br/veiculos/images/Daniel-Goleman—Trabalhando-Coma-Inteligncia-Emocional.pdf. Acesso em 10 abr. 2022. 

 

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: políticas e estratégias. São Paulo: Saraiva, 2009.

 

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