Em todas as áreas do conhecimento, existem pessoas que estão buscando evoluções, na área da saúde isso não é diferente. Durante muitos anos, essa área focou no desenvolvimento de novas técnicas e descobertas específicas ao ramo. No entanto, a constante evolução dos negócios e do mercado financeiro trouxe a essa área uma nova era de inovações que antes não eram priorizadas, a saúde como empreendimento é uma área que cresce de forma exponencial. O profissional da saúde de hoje precisa, além da qualidade técnica, conhecer os meandros do empreendedorismo e gestão, mas seria isso possivelmente maléfico à sociedade?
A transformação digital, hoje, é o que provavelmente mais modifica o planeta. Os meios de comunicação de massa que eram, em geral, via televisão, rádio e jornal hoje já passaram a ser predominantemente via internet. A área da saúde não é uma exceção a essa mudança, profissionais da saúde precisam cada vez mais criar perfis em redes sociais como Instagram e Linkedin para publicar atualizações, informações, detalhes de seu trabalho e até seu próprio dia a dia privado para angariar novos clientes. Vemos muitos casos em que um médico com uma formação considerada pior do que outros da mesma especialidade consegue mais clientes só pelo fato de ter uma rede social bem estruturada e atualizada. Pouco tempo atrás, o currículo médico era o que mais selecionava os profissionais, hoje em dia muitos clientes procuram primeiro o Instagram do médico e depois, ou nunca, o seu Lattes.
O empreendedorismo vem extremamente ligado a essa nova necessidade de mudança para o mundo digital. Um médico, por exemplo, não pode mais apenas focar em aprimorar suas habilidades técnicas e esquecer a parte de divulgação de seu trabalho, o profissional liberal agora precisa gerenciar tanto o seu crescimento dentro da especialidade quanto o seu crescimento como um empreendedor, promovendo o seu próprio trabalho de maneira efetiva. Ainda que essa função possa ser terceirizada, é bastante plausível pensar que essa necessidade de “dupla função” como empreendedor-cuidador prejudique o aprimoramento técnico, atualização profissional e, por fim, o atendimento e cuidado aos pacientes.
Da mesma forma que para alguns profissionais e empresas esse novo sistema digitalizado da saúde seja desafiador ou até prejudicial, para outros é a oportunidade perfeita para se aproveitar da situação. Cresce cada vez mais o número de médicos e até não médicos promovendo curas e tratamentos não convencionais e muito menos com evidências científicas. A internet permite um alcance praticamente infinito e basta uma boa oratória e alguns depoimentos para convencer leigos a comprar esses produtos que nunca passaram por testes e pesquisas reais. Infelizmente, nesses casos, o prejudicado é apenas o cliente.
Em suma, o processo de transformação digital na área da saúde chegou e só vai se desenvolver cada dia mais. É uma mudança extremamente boa no sentido de possibilitar uma maior divulgação de informações a toda a sociedade, no entanto, considerando o contexto dos profissionais da saúde, principalmente médicos, é necessário tomarmos cuidados extras. Essa transformação traz novas preocupações a esses profissionais que podem sobrecarregá-los e com isso prejudicar o cuidado com os pacientes, algo que deveria ser a prioridade. Além disso, abre uma grande brecha para que outros profissionais se aproveitem da facilidade de dispersão de informação e usem isso para promover cuidados não convencionais. Cabe a cada um pesquisar por conta própria a veracidade das informações passadas na internet, mesmo vindas de um médico. Cabe também a cada profissional se vigiar para não perder o foco de suas prioridades e sempre prezar pelo melhor cuidado aos pacientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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