Os seres humanos recebem um volume enorme de informações diariamente. Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Berkeley, EUA, uma pessoa consome cerca de 34 gigabytes de informação por dia (Garatonni, 2016)! Essa quantidade de dados à que somos expostos gera uma sobrecarga no nosso cérebro – que é quem reage, identifica, direciona e responde a eles.
Estes estímulos podem ser recebidos de forma direta – através de textos e propagandas presentes nos ambientes – e também de forma indireta – através de uma correlação cognitiva atrelada ao histórico de armazenado em nossa memória que ocorre durante a vida. Estes registros podem ser identificados de acordo com o gatilho emocional que nos despertam: “janelas light” quando financiam sentimentos de prazer, alegria, vigor e serenidade -por exemplo – e “janelas killers” quando estão associadas aos sentimentos de medo, repulsa e fobia (Cury, 2014).
Identificar estas “janelas” da psiquê humana nos permite aplicar, em diferentes áreas de atuação, alguns elementos projetuais, postura pessoal e estruturas que possam induzir ou direcionar o comportamento desejado do consumidor para que os objetivos previamente traçados sejam alcançados com maior previsibilidade por terem um desfecho tendencialmente parecido e conhecido.
Num espaço físico comercial, a arquitetura e todos os elementos que se somam a ela – iluminação, decoração, refrigeração etc. – são capazes de conduzir, estimular e direcionar gatilhos emocionais que possibilitam uma maior conversão financeira para a empresa. Estas características de projeto, identidade de consumo e público alvo são somadas as necessidades, e aspirações comerciais da marca, afim de que desde as linhas projetuais definidas pelo projeto arquitetônico até a forma como os elementos são dispostos e definidos possam atuar como agentes cognitivos, facilitadores e conversores, na decisão de compra do cliente e do aumento de seu tíquete médio.
Nosso cérebro interpreta o que está disposto no espaço de forma inconsciente e tendencialmente é direcionado a um determinado comportamento. Em neuro arquitetura – que é a neurociência aplicada à arquitetura – é possível entender que linhas retas, por exemplo, aplicadas ao mobiliário, ou aos fluxos dispostos dentro deste ambiente comercial, são capazes de direcionar e acelerar o ritmo do passo na circulação de um consumidor para que ele conheça mais partes desta loja – quando no sentido longitudinal – como também desacelerar o ritmo do passo e criar uma sensação de tranquilidade e lógica quando esta mesma linha reta é disposta no sentido transversal ao sentido de circulação do indivíduo (Crízel, 2021).
Para pontos de venda físicos de varejo é possível alavancar o crescimento financeiro treinando seus colaboradores com expertise de uso do espaço de maneira inteligente e adequada aos objetivos da marca, assim como em relação à influência que o nosso corpo exerce no comportamento do outro para que saibam como melhor aproveitar cada oportunidade de venda. Isto permitirá que a conversão financeira nestes ambientes de compras ganhe mais relevância e possam resistir em meio à revolução digital que estamos acompanhando. A experiência é sem dúvida o maior diferencial quando comparamos o consumo presencial ao consumo virtual. Conhecer estes canais comportamentais, e como acessá-los, permitirá que estes pontos de venda ganhem novamente a representatividade em faturamento para se manterem necessários e contribuir positivamente com o crescimento de uma empresa.
Com isso é possível concluir quão necessário e urgente se faz a capacitação constante em novas habilidades da equipe de vendas nestes espaços comerciais, para que estes espaços não sejam completamente substituídos por ambientes virtuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Garatonni, Bruno. Você consome 34 gigabytes de informação por dia. Super Interessante, São Paulo, 31/Out/2016. Comportamento. Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/voce-consome-34-gigabytes-de-informacao-por-dia/ Acesso em: 05/Jan/2022.
Cury, Augusto. Mulheres inteligentes, relações saudáveis. 2ª Edição, São Paulo, Academia da inteligência, 2014. Crízel, Lorí. Neuro Arch. 1ª Edição, Porto Alegre, disponível em: https://www.loricrizel.arq.br/livro-neuroarquitetura/