Atualmente, vivemos em um mundo muito mais dinâmico, no qual a gestão tradicional e aqueles planejamentos a longo prazo já não são os mais indicados devido às mudanças constantes que levam a circunstâncias incertas. A perda do padrão da normalidade é que normalmente desvia para o cenário de caos.
O caos é representado pelas incertezas e complexidade exponencial que muitas organizações vivem, inseridas no contexto competitivo, com variáveis desconhecidas, que exigem inovação e rápidas adaptações. Esse cenário, por muitas vezes imprevisível, vem transformando a forma de liderar, tornando os processos tradicionais e conhecidos em disfuncionais, exigindo mudanças comportamentais para um modelo de execução com diálogo esclarecedor, que transforme os liderados em pessoas proativas, performáticas e correalizadoras, não fazendo mais sentido planejar e liderar de maneira mecânica.
O antigo caos, que era somente um momento ou uma exceção, hoje é a realidade que desafia as lideranças a se reinventarem e exige das organizações mudanças de comportamento para se manterem estáveis. Para tanto, surgiu a necessidade de líderes aptos a conduzirem suas equipes em um cenário de caos, utilizando a comunicação estratégica, identificando insights e estruturando o desconhecido de forma organizada e simplificada. Tendo como grande desafio lideranças que transformem cenários complexos em simples e com maior nível de entendimento para sua equipe, conduzindo-a ao objetivo de forma assertiva.
Pensando em uma liderança comportamental e facilitadora, Karl Weick elabora o método Sensemaking, que é definido como forma de “dar sentido a alguma coisa” ou “estruturar o desconhecido”. Seguir o que propõe a teoria de Weick tem sido inspiração para quem lidera. Junto com o Sensemaking, estão valiosas características de um bom líder, como a capacidade de interagir, relacionar e se comunicar bem. É uma liderança que consegue organizar ideias e problemas complexos, que busca a inovação e novas formas de compreender as necessidades, sendo capaz de perceber um cenário complexo e explorar seu entendimento alcançando vantagem competitiva.
Karl Weick aponta que o sensemaking inicia no caos, quando é necessário interpretar o desconhecido, e ele recomenda que os recursos cruciais para criação do sentido são: Social, Identidade, Retrospectiva, Dicas, Andamento Contínuo, Plausibilidade e Representação (do acrônimo SIRCOPE, em inglês).
Assim sendo, o Sensemaking se inicia ao identificar a perda do padrão da normalidade ou a situação desconhecida, o caos. Logo inicia a comunicação ativa entre todos os envolvidos (Social), são identificados e categorizados os eventos, a fim de conhecer o que está acontecendo (Identidade). Em uma conversa presuntiva, começam a representar e apresentar resultados tangíveis (Representação/Dicas) na tentativa de conectar o abstrato ao concreto. Em um processo retrospecto, são analisados os aspectos do passado que poderão ser evocados para construção do sentido (Retrospectiva). A proposta de criação de sentido é aceitável, após a explicação revisada, enriquecida entres os todos em direção a um mínimo de informação consensual (Plausibilidade). O processo de criação do sentido deve se manter ativo, histórias devem ser modificadas quando surgirem novos insumos, oportunidades, compartilhando entre todos para equilibrar o ambiente e reduzir a ambiguidade (Andamento Contínuo).
Portanto, Sensemaking é um processo que permite a liderança organizar o caos e navegar nas incertezas, utilizando a comunicação como ferramenta estratégica para desenvolvimento social e institucional, direcionando a uma mudança de mentalidade desafiadora, mas necessária para o novo normal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COUTINHO, Thiago. Sensemaking: seja um líder significador, Blog Voitti, 2020 Disponível em:< https://www.voitto.com.br/blog/artigo/sense-makingl>. Visitado em 16/07/2021.
NEVES, Ricardo Oliveira. SENSEMAKING: Liderança por Propósito – Comunicação Estratégica para um Mundo de Complexidade Exponencial. 1ª Ed São Paulo Editora Neo 2021.